PUDIM DA RAINHA E OUTRAS RECEITAS COM PÃO DORMIDO
Aprender a fazer pão é um processo delicioso, prazeroso (você já apertou uma massa fermentada para tirar o ar de dentro dela?), cheiroso e saboroso. A gente aprende na repetição, tentando notar as nuances do jeito de manipular a massa, da temperatura do ambiente, do desempenho do forno que pode vir a estar desajustado, dos tipos de farinha. O aprendizado mora nos detalhes. Eu até compartilhei um pouco sobre esse assunto em uma das edições anteriores, lembram?
Pois então, agora que eu ganhei uma batedeira mais potente, me animei para testar pães enriquecidos e/ou que exigem mais sova. E tudo isso é muito legal e empolgante, mas vocês não acreditam na quantidade de pão que sobra por aqui. Mesmo comendo no café da manhã e no lanche, congelando algumas fatias ou mesmo já como farofa, dando para a minha filha beliscar… é pão que não acaba mais.
Com isso, agora, além de aprender a fazer pão, também posso aprender novas receitas para aproveitar o excedente. A receita de hoje, chamada Queen's pudding, é bem inglesa e bem caseira — do jeitinho que eu gosto! Em inglês britânico, pudding não designa apenas um pudim, mas a categoria "sobremesa" como um todo. Nesse caso especificamente, ele também designa um pudim que vem a ser de pão — uma ótima maneira de variar a nossa versão brasileira (que eu adoro). Falando em versão brasileira, não é lindo que a gente chame o pão velho de pão dormido? Eu amo a língua portuguesa!
Até a próxima news,
Lena
QUEEN'S PUDDING OU PUDIM DA RAINHA
Eu cheguei nesta receita através da Nigella Lawson, porque finalmente estou lendo seu primeiro livro: How to Eat — The Pleasures and Principles of Good Food [Como comer — os prazeres e princípios da boa comida]. O livro, escrito em 1998 e reimpresso muitas vezes até hoje, é um catatau de quinhentas páginas que traz todo tipo de receita. Tornou-se um verdadeiro clássico. Mais do que receitas, o que encanta é a forma como ela enxerga a comida, além de sua prosa deliciosa e, acima de tudo, sincera. Como ela mesma escreveu no prefácio da última edição, dificilmente deixariam uma jornalista não tão conhecida escrever um livro de receitas deste tamanho sem nenhuma foto nos dias de hoje. Mas deixo aqui a dica pra quem, como eu, adora ler um livro de receitas como se fosse um romance. E digo mais: você nem vai sentir tanta falta das fotos assim. A versão de capa dura está custando um rim e a versão brochura, meio rim. Já a versão digital, tem preço mais aceitável. Não sei por que este é um dos seus poucos livros não traduzidos… Uma pena!
Essa receita pertence ao capítulo de receitas de Natal, e é uma forma de aproveitar a sobra de pão e até de pandoro (um pão italiano similar ao panetone, mas que não leva frutas cristalizadas e tem um formato estrelado). Mas eu acho que ela cabe muito bem em muitas outras situações e pode ser feita com pães diversos — eu, no caso, fiz com a sobra de um brioche.
Uma receita gostosa e altamente reconfortante, sobretudo se você a comer quentinha. Para quem está aí no hemisfério sul, neste começo de inverno, a dica vem a calhar!
Variações e adições:
- Você pode escolher o pão que quiser, mas acredito que os brancos sejam melhores que integrais neste caso. Um pão de forma ou brioche são ótimas pedidas, mas um pandoro (como sugeriu a Nigella) ou um pão fofo e levemente adocicado também deve ficar uma delícia. Caso use um pão com casca grossa, descarte-a.
- Cabe a você escolher o sabor da geleia a ser utilizada, mas eu recomendo muito a tradicional geleia britânica de casca de laranja, conhecida como marmalade: eu adoro o toque amargo da casca.
- Dependendo da geleia que você escolher, pode substituir as raspas e o suco de limão siciliano por laranja. Como usei marmalade, mantive o limão, mas caso use uma geleia de ameixas, por exemplo, a laranja pode ser uma boa pedida.
- Nigella sugere servir essa sobremesa acompanhada com o que, na Inglaterra, é conhecido como double cream — um creme de leite fresco bem espesso — ao qual ela ainda adiciona um toque de licor de laranja como Grand Marnier ou Cointreau. Como não temos esse double cream, uma ideia de substituição é bater ligeiramente o "nosso" creme de leite fresco até que ganhe um pouco de corpo. Confesso que já acho a sobremesa rica o bastante e não sinto falta de nenhum acompanhamento, mas é a cara dela sugerir esse tipo de adição!
OUTRAS RECEITAS PARA VOCÊ APROVEITAR O PÃO
UMA NEWS, TRÊS RECEITAS
Em dezembro de 2019, enviei uma newsletter com três receitas que tinham pão como protagonista. Desde então, a news ganhou quase 15 mil novos assinantes. Por isso, compartilho o link AQUI e recomendo muito que, caso você seja um deles, clique e leia para saborear essas delícias!
Strata de queijo, alho-poró e couve:
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Pudim de pão com creme de limão:
Challah com frutas assadas:
PANZANELLA:
Nesta receita italiana, o pão dormido é umidificado pelo suco dos tomates suculentos e, com uma série de temperos e outros ingredientes, ele dá vida a essa salada cheia de sustância. LEIA AQUI!
RABANADA FRANCESA:
Já esta receita vem da França e adoça o final da refeição com uma rabanada requintada, enriquecida com um creme inglês. Foi a receita que escolhi para abrir 2024 com o pé direito na cozinha. LEIA AQUI.
UM MEME ANTES DE IR…
Quem mais?
Créditos:
Revisão: Eloah Pina