VAMOS BATER UM BOLO?
“(…) having bowed to the inevitability of the dictum that we must eat to live, we should ignore it and live to eat (…)”* ― M.F.K. Fisher
Bolo, tá aí uma coisa que normalmente a gente não come para matar a fome, mas por indulgência; porque é gostoso ― o que me fez lembrar dessa frase de M.F.K. Fisher. Em tempos de obsessões alimentares e privações mil, proponho retomar um dos prazeres mais simples da cozinha: bater um bolinho. Desses que não precisa nem de batedeira, sabe?
Café passado na hora, chá com leite e chocolate quente acompanham, assim como uma boa companhia para papear em volta da mesa, sem noias e sem hora para ir embora.
Volto daqui a quinze dias com receitas de outra coisa que adoro assar: cookies :)
Até lá,
Lena
* “(…) tendo nos curvado à inevitabilidade do ditado de que devemos comer para viver, deveríamos ignorá-lo e viver para comer (…)”
BOLOS DE OUTONO (SEM BATEDEIRA!)
Bolo de Cacau com Gengibre
Quando eu era pequena e vivíamos a alegria do começo da TV a cabo, a pira dos meus amigxs eram os desenhos da Cartoon Network. A minha, um programa da Martha Stewart que passava no GNT! E é dela essa receita em que eu apenas desconsiderei a cobertura porque acho que esse bolo brilha sozinho. Ele é denso e macio ao mesmo tempo… Excelente com um café coado ou um copo de leite gelado!
Bolo Integral de Banana
Receita da Bon Appétit daquele bolo de banana nosso de todo dia, mas aqui em versão integral e acompanhado por uma cobertura de cream cheese, iogurte e café que dá vontade de comer de colherada! Minha sugestão é tostar uma fatia na frigideira com um pouquinho de manteiga para comer no café da manhã.
Bolo de Earl Grey com Blueberry
Ter morado na Inglaterra, aos 16 anos, me trouxe o bom hábito de tomar chá, sendo Earl Grey com leite o meu preferido! Esse bolo, que combina o chá com blueberry, é uma delícia, sobretudo para quem gosta de bolos menos doces. A cobertura, além de opcional, pode ter sua quantidade de açúcar dosada para que fique do seu gosto de doçura e espessura.
PARA BEBER | LILLET
Mesmo tendo morado por um ano e meio em Paris não cheguei a conhecer o Lillet, aperitivo à base de vinho branco e licor de laranja produzido desde 1872 na vila de Pondesac, em Bordeaux. Só fui conhecê-lo quando chegou ao Brasil, no final do ano passado. Desde então, gosto de ter uma garrafa na geladeira para beber com gelo ou para fazer um drinque. É uma delícia e eu acabo de introduzi-lo na seleção da adega da QUITANDA! Querendo ideias de receitas para drinques, visite o site:
HTTPS://WWW.LILLET.COM
PARA LER | HOW TO EAT A PEACH
Sempre falo das minhas cooking divas por aí (e aqui), e Diana Henry é, definitivamente, uma delas! Demorei para conhecê-la, mas desde que coloquei minhas mãos no seu livro mais recente, fui atrás de todos os outros títulos. Gosto de suas receitas, de como encara o cozinhar e do tom de seus textos tão carinhosos e despretensiosos. Ainda sem tradução para o português, How to eat a peach traz sugestões de menus que Diana idealizou de acordo com temas variados. E o lance é justamente entender que menus não são apenas um agrupamento de pratos possíveis, mas sim uma sucessão de sabores que devem estar interligados e, juntos, contar uma história, por mais simples que seja a ocasião. Tudo isso é ilustrado por fotos poéticas e dramáticas ― sendo a capa uma coisa à parte: ela imita a textura aveludada de um pêssego! Pode ser comprado PELA INTERNET.
PARA OUVIR | GOOD COVERS
De tempos em tempos, penso sobre um assunto que vira e mexe gera discussões: autoria de receitas. Para além do debate se de fato é possível conferir a autoria de uma receita a uma única pessoa, considerando seu repertório, todas as técnicas aplicadas, facilidade de acesso a referências em comum e por aí vai, acho que o mais questionável desse debate é o excesso de valor conferido ao que é “original” pelo simples fato de ser “original” ou, como dizem, autoral. Aqui faço um paralelo com o valor de um bom intérprete musical ou um bom cover. Como na comida, temos versões musicais diferentes, mas igualmente boas ― penso em “With a little help from my friends” cantada por Joe Cocker ―; inclusive, volta e meia ouvimos uma releitura ainda melhor do que a original ― como Charles Bradley cantando “Changes” do Ozzy Osbourne. Por isso, no intuito de celebrar os bons intérpretes, a playlist de hoje é a Good Covers!
E você aí, tem um bela versão cover para incrementar essa lista? Me escreva com a sua sugestão ;)
Lena, qual tamanho de forma você usa? Fiz o bolo de banana, mas o meu ficou baixo, porém bem fofinho. Fiquei na dúvida se não cresceu porque fiz algo errado ou por causa da forma ser grande para a quantidade de massa.