TURQUIA: UMA RECEITA E UM GUIA
“Os lugares aonde vamos tornam-se parte de nós.*” ― Anita Desai
Mês passado realizei o sonho de conhecer a Turquia, e foi só chegando lá que me dei conta de que, em muitos sentidos, eu não tinha ideia da imensidão de Istambul. No sentido subjetivo, mas também geográfico. Lá é enorme, com uma população de mais ou menos 16 milhões de habitantes e um trânsito parecido com o de São Paulo. A história se faz presente em cada canto, assim como a religião: são três mil mesquitas que diariamente convidam à reza algumas vezes por dia através dos alto-falantes que escutamos de qualquer lugar da cidade.
Na minha opinião, é perto da água que Istambul mostra sua melhor versão. Ali bem às margens, mirando o outro mundo, na interseção entre o ocidente e o oriente. No horizonte, se sobressaem as enormes cúpulas das mesquitas — em sua maioria, lindas! Os barcos vêm e vão o dia todo, assim como as gaivotas e a água. Tudo em constante movimento.
Meu interesse em ir para Istambul estava muito relacionado ao meu desejo de pôr os pés no mundo árabe. E apesar da Turquia não ser um país árabe, era o mais perto que eu conseguiria chegar, já que a última tentativa de ir para o Líbano minguou diante da covid-19 e, depois disso, veio uma bebê, uma mudança de país e (mais) uma guerra. Ficou para sei lá quando.
A comida turca tem alguns pratos comuns com os sírios e libaneses, afinal, todos fizeram parte do Império Turco Otomano que terminou depois da Primeira Guerra Mundial (e vem daí o costume do brasileiro de chamar, erroneamente, os árabes de turcos). Mas esses pratos comuns são a minoria e existe uma infinidade de outros preparos que não são mundialmente famosos, como são o kebab e a Dolma — ou as folhas de uva recheadas com arroz que conhecemos como charutinho. Os sabores são marcantes, seja pelo tempero, seja pela carne de cordeiro tão presente. Os doces são um capítulo à parte e vão muito além do lokum (que lembra a rahat) e da baclava. Aliás, doces folhados, com ou sem pistache, é o que não falta naquele país. E mais que a baclava, o que me encantou foi mesmo o kunefe — a massa de kataifi (aquela que vai no recheio do chocolate de Dubai) crocante, recheada com queijo e coberta com calda de açúcar.
Conto mais sobre tudo isso no guia de Istambul e da Capadócia.
Abaixo, compartilho duas receitas deliciosas e bem turcas: o pão do dia a dia, simit, e um “molho” no qual chuchá-lo e que é meu novo vício: o tahin pekmez!
Boa viagem e até a próxima news,
Lena
*Wherever you go becomes a part of you somehow.
SIMIT E TAHIN PEKMEZ, MINHA NOVA PAIXÃO
Em termos de comida, uma coisa que me encantou na Turquia foi o café da manhã. Essa é uma refeição que eu valorizo muito porque, quando tomo um bom café da manhã, sinto que o dia começa bem e que tem mais chances de seguir assim até o final. E os turcos capricham no deles: ovos, pães, vegetais, queijos, mel, azeitonas, molhos, suco, café, chá. Não falta nada!
Escolhi uma dupla simples e essencial do dia a dia deles para trazer para vocês: o pão, chamado simit, e uma pasta chamada tahin pekmez que pode ou não acompanhá-lo, mas que é a minha nova paixão.