TORTELLONI COM CALDO DE CÚRCUMA PARA ESQUENTAR
A primavera passa e a pessoa se lembra de sua inocência | O verão passa e a pessoa se lembra de sua exuberância | O outono passa e a pessoa se lembra de sua reverência | O inverno passa e a pessoa se lembra de sua perseverança.* ― Yoko Ono
Finalmente o inverno resolveu dar as caras por aqui e eu até inverti a ordem das newsletters para trazer uma receita quentinha. Sopas e caldos são infalíveis nesses dias invernais e tão paulistanos, não é mesmo? Nesse contexto, a minha dificuldade é lidar com a preguiça que é proporcional ao frio. Por aí também?
Para resolver essa questão, apelei para uma receita quentinha e deliciosa, mas que conta com alguns ingredientes pré-prontos. Nada de ultraprocessados cheios de aditivos, mas sim minimamente processados. Ou seja, alimentos que já foram manipulados e vêm prontos, porém, que não contêm uma lista de ingredientes extensa e cheia de conservantes e outros químicos que nem sabemos do que se trata. Estou falando de um caldo de legumes natural e de uma massa recheada. Claro que você mesmo pode prepará-los caso tenha disposição, mas se quiser poupar tempo e energia em um dia de semana muito frio sem abrir mão de uma boa refeição, acredito que esses recursos sejam bem-vindos. Apenas certifique-se de estar comprando boas opções, ok? Equilíbrio é tudo nessa vida.
Até a próxima news,
Lena
* “Spring passes and one remembers one's innocence. | Summer passes and one remembers one's exuberance. | Autumn passes and one remembers one's reverence. | Winter passes and one remembers one's perseverance.”
Sabor e calor em poucos minutos
O tortelloni é uma versão maior do tortelli, massa recheada típica da região da Emília Romana, no nordeste da Itália. Ele costuma ser recheado com misturas leves, como ricota, abóbora e espinafre, e é servido com molhos delicados ou cremosos.
Aqui, optei pelo tortelloni de espinafre que, servido com um caldo mais substancioso, ganhou ares de sopa. Isso porque um caldo de legumes foi incrementado com ovos e cúrcuma, resultando em cremosidade, cor e muito sabor. Para arrematar, a receita não faz uso de carnes, sendo uma opção para vegetarianos ou para quem busca reduzir o consumo delas.
Atenção: se a sopa for feita com um dia ou algumas horas de antecedência, ela pode se separar como um missoshiro. Não se assuste! Apenas bata no liquidificador ou com um mixer de mão até emulsificar superbem.
Ah! Para quem deseja indicações de massas, recomendo as da marca Giovanni Rana pelo bom custo-benefício e facilidade, pois pode ser encontrada em diversos supermercados. Para aqueles que querem caprichar e estão dispostos a investir um pouco mais, recomendo as massas do Mesa III. Se você quiser fazer a sua própria massa recheada, acho lindo! Como sempre, sugiro recorrer ao livro Fundamentos da cozinha italiana clássica, de Marcella Hazan, para guiar o preparo.
Para finalizar: coalhada preguiçosa
E já que estamos em clima de preguiça (pelo menos eu estou!) uma colherada (ou várias) de coalhada preguiçosa é uma ótima pedida - neste caso, eu deixaria o parmesão de lado. Lembrando que ela foi tema da última newsletter e que você pode ler e pegar a receita aqui.
Para cozinhar | Caldos Davozzi
Eu adoro fazer um caldo caseiro, sobretudo de legumes (até dei a dica de ir congelando as aparas de legumes em um post no Instagram), mas nem sempre disponho de tempo. Para não abrir mão deste que é a base de tantas receitas, gosto de ter um pronto sempre à mão. Porém, como dito no início do texto de hoje, dispenso as opções ultraprocessadas. Caldo de cubinhos cheio de sódio? Tô fora. Se possível, é preferível substituí-los por água ou escolher outra receita que não peça caldo.
Assim sendo, fiquei muito contente quando vi o Caldo Davozzi chegar aos supermercados.* São três opções de caldos naturais e com baixo teor de sódio: legumes, frango e carne. Já usei todos e fiquei muito satisfeita. Acho que a conta fecha no quesito sabor-praticidade, sobretudo na correria dos dias de semana. Cada caixa com 1 litro custa entre R$25 e R$27 e pode ser comprada em alguns supermercados ou no site da marca.
*Atenção, isso não é um publi!
Para assistir | Cozinhas em filmes
Assista aqui uma linda edição de cenas de cozinhas em filmes que datam de 1958 até os dias de hoje. Sugiro ver e rever para que possa focar em um quadrante diferente a cada vez!
E se você assistiu O fabuloso destino de Amélie Poulain, deve se lembrar da música do vídeo: "Comptine d'un autre été, l'après-midi", de Yann Tiersan. Além dessa linda trilha que ele fez para o filme dirigido por Jean-Pierre Jeunet, gosto muito da que compôs para o filme Adeus Lênin. Ambas são boas de cabo a rabo!
Vem aí | Aos prantos no mercado
É sempre uma alegria compartilhar o lançamento de livros do universo culinário/gastronômico, sejam eles de receitas ou de memórias, como é o caso de Aos prantos no mercado (Crying in H Mart). Nele, a autora Michelle Zauner "evoca memórias afetivas da culinária coreana para atravessar o luto pela morte precoce da mãe". Na lista de bestsellers do The New York Times há mais de um ano, e incluso na lista de melhores livros de 2021 do ex-presidente Barack Obama, o livro será lançado pela Editora Fósforo, com pré-venda a partir do dia 21 de setembro e capa ilustrada pela quadrinista Ing Lee.
Apesar de seu primeiro livro já estrear nas listas de mais vendidos, Zauner ficou conhecida pelo seu projeto de música independente Japanese Breakfast e, inclusive, fará um show em São Paulo, no festival Primavera Sound, no dia 6 de novembro. Ouça no spotify ou assista ao seu show no Tiny Desk.
Os brasileiros estão com fome. Veja como ajudar.
Antes mesmo do coronavírus chegar e se alastrar pelo Brasil, ainda em 2018 o país voltou ao mapa da fome do qual havia saído em 2014. De lá pra cá, o cenário só piorou e, hoje, são 125 milhões de pessoas passando por algum tipo de insegurança alimentar e 33,1 milhões de pessoas passando fome, de acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, feito pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional). A continuidade do desmonte de políticas públicas somado à piora no cenário econômico, ao acirramento das desigualdades sociais e um segundo ano da pandemia tornaram o cenário ainda mais perverso.
Há mais de um ano, indiquei algumas instituições e projetos que se dedicam a combater a fome no país. Retomo as indicações aqui para que possamos seguir ajudando doações e divulgações. Deixei as dicas em um post separado na minha página do substack para que o compartilhamento leve as pessoas diretamente às informações. Se você conhece outras instituições, ONGs e projetos, deixe a dica nos comentários.
Créditos
Fotos: Bruno Geraldi | Revisão: Eloah Pina | Cerâmica: Atelier Muriqui