LIVROS & CONSERVAS
Poesia é uma arte de começos e finais. Se quiser meios, leia romances. Se quiser finais felizes, leia livros de receita* -- Dean Young
Não sei como a minha mãe conseguiu, mas fez com que eu e minha irmã fôssemos crianças que amavam picles desde sempre. Éramos aquelas que, felizes, ficavam com os picles dos hambúrgueres alheios que eram descartados com cara de nojo. Comíamos todos os tipos de conservas, incluindo as de cebola. Não à toa, amávamos AQUELA CENA do filme Os Batutinhas em que Chapéu oferece 2 centavos pelo picles do Batatinha e sai cantando "eu tenho dois picles, eu tenho dois picles, eu tenho dois picles agora! Hey, hey". Até hoje, me sinto assim, feliz da vida como ele, quando como um picles. Mais alguém?
Pesquisando sobre quais receitas gostaria de compartilhar com vocês, acabei me voltando para três livros de que gosto muito: Como cozinhar sua preguiça, de Gabriela Barretto, Jerusalém, de Yotam Ottolenghi e Sami Tamimi e Zaitoun - Recipes from the Palestinian Kitchen, de Yasmin Khan. Não são livros específicos sobre o tema (se quiser, divirta-se com A ARTE DA FERMENTAÇÃO, de Sandor Ellix Katz), mas são uma reunião de boas receitas que, de quebra, são ilustradas com fotos bem bonitas. Aliás, se me permitem um paralelo, livros são como potes de conservas de conhecimento, não é mesmo? E assim como uma pequena quantidade de picles pode mudar o sabor de um mero sanduíche, um pouquinho de conhecimento pode mudar nossa opinião ou a maneira como encaramos determinado assunto. Mesmo pouco, já é muito.
Infelizmente, nosso governo acredita que os livros são produtos para os ricos, e recentemente voltou a defender que esses devem ser taxados em 12% (que é a alíquota sugerida pelo governo para a Contribuição de Bens e Serviços - CBS). Para quem não sabe, hoje em dia, o livro é isento de impostos, direito adquirido e garantido pela Constituição Federal. Oras, se o livro "é produto de elite", a gente deveria trabalhar para que ele fosse mais acessível e não ainda mais elitista, não é mesmo? E como disse a antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz em SEU POST sobre o tema"(...) governos autoritários, de uma maneira geral, sempre procuram diminuir a circulação de livros e ideias". Afinal, conhecimento é poder. Defendamos os livros!
Até a próxima news,
Lena
*“Poetry is an art of beginnings and ends. You want middles, read novels. You want happy endings, read cookbooks.”
PARA VARIAR O PICLES DE PEPINO
Conserva de rabanete do Chou
Que saudade de me sentar numa mesa do RESTAURANTE CHOU e receber um pratinho com esta conserva de rabanete acompanhada por folhas de manjericão, azeitona preta e picles de cebola. É o meu tipo favorito, feito com uma salmoura que leva bastante açúcar. Atenção ao abrir o pote: o cheiro será desagradável, mas logo passa! Vale muito a pena - garanto!
VEJA A RECEITA COMPLETA AQUI.
Conserva de quiabo do Jerusalém
Eu adoro quiabo (inclusive e, sobretudo, a baba) e quando vi a receita do Yotam Ottolenghi, resolvi substituir o mix de legumes sugerido por ele por uma porção de quiabos que tinha na geladeira. O curry dá um toque especial à salmoura de estilo israelense - que não leva açúcar. Um jeito diferente e delicioso de consumir quiabo no nosso dia a dia.
VEJA A RECEITA COMPLETA AQUI.
Conserva de avocado do Zaitoun
Esta é uma receita que, diferente da maioria, fica pronta em poucas horas e deve ser consumida logo em seguida. Uma ótima pedida para avocados que não estão muito maduros e que podem complementar saladas e sanduíches ou, se você também for maluco por picles, para comer puro.
VEJA A RECEITA COMPLETA AQUI.
PARA LER E COZINHAR | COMO COZINHAR SUA PREGUIÇA
GABRIELA BARRETTO é cozinheira e proprietária do restaurante Chou e do Futuro Refeitório. Em uma ENTREVISTA PARA A FOLHA DE SÃO PAULO, disse: "A gente tem vergonha de ser preguiçoso porque vive nessa cultura capitalista, que diz que o trabalho enobrece o homem. E eu acho que não, que temos que ser preguiçosos às vezes,". E complementa: "Sobretudo com comida. Não acho que há necessidade de fazer coisas complicadas. Existe uma pressão de não ser simples. Por que não? Se for gostoso, não precisa ser complicado". Eu não poderia concordar mais. Neste livro você encontra 51 receitas em que a sofisticação está justamente na simplicidade.
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PARA LER E COZINHAR | JERUSALÉM
Foi através de Jerusalém - Sabores e receitas que conheci o trabalho de Yotam Ottolenghi e Sami Tamimi, ambos nascidos no mesmo ano na cidade que dá título ao livro. Porém, um nasceu no lado judaico e o outro no lado árabe. Muitos anos depois, se conheceram em Londres, onde juntos abriram alguns estabelecimentos que ajudaram a disseminar a culinária do oriente médio no país. Neste livro, lançado em 2012, você encontra uma centena de receitas fáceis e deliciosas e que trazem inspiração judaicas, muçulmanas, árabes e armênias.
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PARA LER E COZINHAR | ZAITOUN - RECIPES FROM THE PALESTINIAN KITCHEN
Esse livro lindíssimo, escrito por Yasmin Khan, estava em algumas das listas de melhores livros de receitas de 2019. Nele, a autora adentra as cozinhas palestinas com muita sensibilidade e empatia. Ela apresenta a culinária das principais regiões e cidades, incluindo a Faixa de Gaza, "a maior prisão do mundo", cujos pratos típicos estão desaparecendo por conta dos conflitos políticos entre Israel e Palestina. Infelizmente, ainda não há tradução para o português. Pode ser encontrado em sites tanto na versão impressa quanto digital.
PARA OUVIR | É NÓIA MINHA?
Foi ao ar, há duas semanas, o episódio “Casar pra quê?” do podcast É nóia minha?, da escritora, podcaster e roteirista CAMILA FREMDER. Tive o prazer de participar desse bate-papo divertido que contou também com a participação de ninguém menos que a psicanalista e colunista da Folha de São Paulo VERA IACONELLI. OUÇA AQUI!
Obrigada pelas dicas ❤️