Entre as refeições que tenho mais dificuldade de encontrar boas opções estão os lanches. Para o café da manhã, almoço e jantar o mundo está cheio de receitas incríveis, até mais do que consigo testar e fazer no meu dia a dia. Já o lanche é um momento bem específico: a fome aperta, mas não queremos comer muito, pois não queremos estragar o apetite da refeição completa que está por vir. Na maioria das vezes não temos tempo sobrando para preparar algo elaborado, mas ainda assim não queremos comer qualquer coisa, afinal, todo momento de fome é uma oportunidade de comer alguma coisa gostosa.
As frutas, quando especialmente boas e maduras, podem ser boas opções, mas nem sempre são suficientes para saciar essa fome inadequada, porém caprichosa, que surge no meio da manhã ou da tarde. Um dos meus petiscos preferidos tem sido uma tâmara do tipo medjool, suculenta e de sabor caramelizado, recheada com um pedaço de queijo manchego — um dos queijos espanhóis mais conhecidos, feito de leite de ovelha. Abro a tâmara, tiro o caroço, coloco uma fatia que caiba dentro, mas que ainda assim seja generosa, e como com gosto, de olhos fechados. Uma mescla de doce e salgado que vem em mordidas macias combinando esses sabores tão mediterrâneos. Por favor, provem!
A partir desse hábito, comecei a brincar: dia desses o preparo ganhou uma colheradinha de chutney de ameixas amarelas com vinagre de jerez que eu tinha feito — nham!; no outro, o queijo manchego deu lugar ao queijo azul; também testei a opção queridinha de nutricionistas ao trocar os queijos e o chutney por pasta de amendoim e amêndoas. E como aqui encontro ótimas ameixas secas, que de secas não têm nada, pois são úmidas e suculentas, resolvi recheá-las com os mesmos ingredientes: sucesso!
Eis que tudo isso cruzou com uma receita inglesa antiga, chamada Devils on horseback, em que frutas secas são recheadas e então envoltas em uma fatia de bacon e depois finalizadas no forno. Tudo indica que, antigamente, com frequência eram servidas depois da sobremesa (como o queijo, servido após a sobremesa numa refeição tipicamente francesa), mas, com o tempo, esses devils viraram petiscos na entrada da refeição. De fato, só de olhar eles parecem ter um quê de demodé, mas e daí se seguem sendo deliciosos? Um dia desses vi que Paola Carosella pretende servi-los no novo Arturito que abrirá no Jardim Paulista.
Nesta edição da news vocês encontram indicações de combinações para comerem como um petisco no meio da tarde ou como entrada de uma refeição. Essas são as minhas ideias, mas vocês podem brincar com os frutos secos, as castanhas, queijos e os sabores do chutney.
Até a próxima news,
Lena
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