CREPE SUZETTE E OS CLÁSSICOS QUE ENVELHECEM BEM
Você conseguiria eleger suas três sobremesas favoritas da vida? Está bem, três talvez seja difícil demais…que tal cinco? Mesmo ficando agoniada toda vez que tento fazer listas desse tipo, acredito que no meu top cinco estariam os crepes suzette, essas finas massas chapeadas e banhadas generosamente em calda de manteiga com laranja e um toque especial de Grand Marnier. É, definitivamente, o meu tipo de sobremesa!
Acho que essa receita faz parte do seleto grupo das que envelhecem bem, sem ficar démodé. Talvez quando ela é servida num restaurante mais tradicional, desses que têm mesas com toalhas brancas e garçons de terno que conseguem servir qualquer coisa usando apenas duas colheres em uma única mão, possa parecer um pouco fora de moda. Se chegar em um carrinho de sobremesas e estiver envolvida em todo aquele show de flambar no salão, nem se fala. Acho que podemos deixar esse lance para tais lugares e visitá-los ocasionalmente. Em casa, podemos fazer algo menos espetacular e mais tranquilo. Será tão mais fácil que você vai se dar conta do quão possível é incluir os crepes na sua rotina. Abaixo, conto mais detalhes sobre essa receita que aprendi na Escuela Hofmann, onde atualmente sou aluna.
Ressalto que esta é uma edição exclusiva dos leitores colaboradores, e aqueles que não o são estão recebendo um aperitivo para dar uma espiada no que rola na versão paga da newsletter. São quatro edições mensais que, além de receitas, contam ainda com dicas de livros, apanhados de boas leituras e guias de viagem. Se você gosta do meu trabalho, considere se tornar um colaborador e ajudar na manutenção e existência desse conteúdo independente que há cinco anos escrevo com muito amor, carinho e dedicação a vocês. Depois da receita do crepe, tem ainda dicas de entrevista, vídeo com segredos para preparar um bom café na cafeteira italiana e um meme pra gente se despedir dando risada.
Até a próxima news,
Lena
Crepes Suzette, um eterno clássico
Um crepe nada mais é do que uma panqueca — aquela que estamos acostumados a rechear com carne moída ou doce de leite. Talvez a única diferença seja que os crepes são ligeiramente mais finos que as nossas panquecas, mas o processo para fazê-los é o mesmo, e não tem muito segredo. O que acontece é que mesmo tendo prática com o preparo, as primeiras unidades quase sempre saem uma meleca. Isso porque a gente leva uma ou duas tentativas até achar a temperatura certa no fogão, pegar a manha da quantidade certinha de massa que cabe em nossa frigideira de maneira a obter uma massa fininha, nos ajeitarmos para conseguir despejar a massa ao passo que vamos girando a frigideira para distribuí-la bem. Errar nas primeiras é normal e basta ter isso em mente para não desistir ou ficar muito chateado logo de cara.
Tenha bons ingredientes
Aqui saliento os ingredientes mais importantes e que farão a diferença no seu crepe suzette:
Laranja: eu tenho sorte de estar morando numa espécie de paraíso das laranjas. Elas são especialmente deliciosas e bonitonas, com a casca bem laranjinha. Ai no Brasil eu usaria as do tipo Bahia, que possuem a casca mais grossa, tem uma cor laranja mais intensa e me parecem ter um suco um pouco menos ácido. Mas fique tranquilo que a laranja-pera, a mais comum no dia a dia, também vai funcionar.
Manteiga: não, você não pode substituir a manteiga por margarina. São coisas completamente diferentes em termos de origem (uma vem do leite da vaca e a outra de óleo vegetal como soja, milho ou girassol), sabor, gordura e textura! Invista na melhor manteiga que puder comprar. A manteiga queimada que vai na massa é um diferencial que a maioria das receitas não pede e que acrescenta uma profundidade de sabor ao preparo!
Grand Marnier: esse é o licor mais indicado para este preparo e é feito de uma mistura de conhaque com destilado de laranjas. Além de ser usado nesta receita, também é comumente usado para fazer suflê. Recomendo adquirir uma garrafa que, posteriormente, você pode servir no final de uma refeição ou usar para fazer drinques (hummm, olhem quantas boas opções há aqui). Caso não o encontre, você pode fazer com outros licores a base de laranja como Cointreau ou até Mandarine Napoléon, à base de tangerinas (agora eu até salivei só de imaginar um crepe suzette de tangerina com este licor!).
Outras dicas para fazer um bom crepe suzette:
1 - É possível bater a massa do crepe à mão, mas cuidado para não ter muitos grumos ao final. Passar pelo coador é obrigatório!.
2 - Uma frigideira antiaderente fará toda a diferença, tornando o processo menos trabalhoso e com maiores chances de sucesso. Caso não tenha uma, unte levemente a frigideira com um pouco de manteiga entre o preparo de cada crepe.
3 - Toda vez que você for despejar a massa do crepe na frigideira, suspenda-a. Se você deixá-la na boca do fogão, encostada na fonte de calor, a massa começará a cozinhar antes que você possa distribuí-la igualmente por toda a superfície, e assim haverá grandes chances de você não conseguir um crepe liso e fininho.
4 - Sei que a maioria das receitas faz a manteiga com licor e laranjas derretendo o açúcar e a manteiga na frigideira, mas aprendi de uma maneira diferente da Escuela Hofmann e é esta a que apresento a vocês aqui, pois ficou deliciosa!
5 - A receita da minha escola tem outro diferencial: ela usa a casca da laranja em fatias finas - um corte conhecido como julienne - e que são escaldadas três vezes para garantir que não haja amargor e que fiquem macias. Parece que dá um trabalhão, mas é super tranquilo porque usamos uma quantidade muito pequena de água, assim, ela ferverá rapidamente. No final você tem essas finas fitas de laranja que decoram o prato e são deliciosas de comer.
6 - Eu prefiro fazer os crepes no dia em que irei servi-los e finalizá-los na hora. Caso queira guardá-los para fazer no dia seguinte, o ideal é colocar um pedaço de papel manteiga entre cada crepe para que não grudem.
7 - Se for flambar, tome muito cuidado para não se queimar ou atear fogo na casa. Certifique-se de que não há nada inflamável ao seu redor, prenda os cabelos e não deixe crianças por perto. Tenha também uma tampa para cobrir a panela caso você precise apagar a chama com rapidez. Confesso que eu pulo essa parte e não sinto muita falta.
Abaixo eu compartilho a receita em gramas e mililitros, como estamos mais acostumados no curso de cozinha. Sigo defendendo a compra de uma balança digital — barata e fácil de encontrar.
RECEITA
