A minha sensação com relação à culinária coreana é que estou sempre correndo atrás do tempo perdido. Isso porque ela é uma novidade em minha vida - coisa de alguns anos - mas desde que fui ao restaurante KOMAH pela primeira vez, me apaixonei. Agora, vivo querendo conhecer outros restaurantes, ingredientes e endereços maravilhosos que temos na cidade de São Paulo.
Ainda sou uma grande novata nessa culinária cheia de sabores picantes e agridoces, mas gostaria muito de compartilhar algumas receitas que têm feito meus dias mais felizes. Nessa empreitada de conhecer mais sobre a riqueza desse universo, PAULO SHIN, chef do restaurante Komah, é meu mestre. É ele quem me ensina sobre ingredientes, marcas e ainda me dá dicas preciosas de conteúdo! É da mãe dele, dona Myung Shin, o meu kimchi favorito - conserva picante, ícone da culinária coreana, e que é mais comumente feita de acelga.
Como toda nova culinária que introduzimos em nossas vidas, ela requer que a gente equipe nossa despensa com alguns itens básicos, e que tenhamos disposição para conhecer novos preparos, técnicas, ingredientes e sabores. E, nesses momentos, é sempre bom lembrar que nem só de culinária e técnica francesa vive a boa gastronomia do mundo. Então, se você também está chegando agora: bora parar de perder tempo!
Aqui vai uma pequena lista dos ingredientes básicos que você precisa ter em casa para começar a se dedicar à culinária coreana. E não se preocupe, aqui nessa news você encontra uma dica legal de onde comprá-los.
- Kimchi
- Gochugaru: pimenta coreana em flocos
- Gochujang: pimenta coreana em pasta
- Doenjang: pasta de soja fermentada
- Arroz de grão curto "tipo japonês"
- Shoyu
- Sal e açúcar
- Óleo de gergelim
- Óleo neutro (como de girassol, por exemplo)
- Pera asiática (pode ser substituída por outros tipos de pera ou mesmo maçã)
- Cebola e cebolinha
- Gengibre
- Gergelim tostado
A culinária coreana, apesar de apresentar sabores complexos, tem diversos preparos simples de serem feitos em casa. Tradicionalmente, seus pratos são postos no centro da mesa para serem compartilhados. Em tempos de pandemia de Covid-19, o ideal é lembrar-se de compartilhar apenas com as pessoas da sua "bolha social".
Até a próxima news,
Lena
*A tradução literal deste provérbio seria algo como "comer um bolo enquanto se está deitado", o equivalente ao "piece of cake", em inglês, e ao nosso "mamão com açúcar". É uma expressão usada para dizer que algo é realmente fácil, como eu acredito que essas receitas sejam.
PARA INCLUIR NO CARDÁPIO DE TODOS OS DIAS
Arroz de kimchi
Este é um prato trivial na Coreia, e cada casa tem a sua receita. Acho uma baita opção gostosa e superprática para os dias de semana! Se tenho Kimchi na geladeira, faço diversas vezes na semana. Picante e ácido, o arroz ganha um ovo frito por cima para arrematar. Atenção aos vegetarianos e veganos: apesar da receita não levar carne, o kimchi costuma levar molho de peixe em sua composição.
VEJA A RECEITA COMPLETA AQUI.
Bulgogi
Fatias bem finas de carne bovina que são marinadas e depois chapeadas. Fica perfeito quando acompanhado por arroz. Também fica delicioso no kimbap, preparo que tem arroz, legumes e outras possibilidades de recheio enrolados em alga nori e depois fatiado em rodelas.
VEJA A RECEITA COMPLETA AQUI.
Porco apimentado
Este prato - bastante apimentado - atende por diversos nomes: bulgogi de porco apimentado, Dwaeji Bulgogi, Gochujang Bulgogi e Jeyuk Bokkeu. As finíssimas fatias de porco são marinadas num mix de pimentas e então chapeadas até ficarem douradas. Procure fazer com paleta ou barriga de porco. Sirva com arroz e banchans, as pequenas e variadas porções que acompanham as refeições coreanas.
VEJA A RECEITA COMPLETA AQUI.
PARA FAZER COMPRAS | OTUGUI
Ir ao OTUGUI tem sido um dos meus passeios favoritos. Posso ficar horas olhando as embalagens, que são lindos enigmas aos olhos de quem não fala a língua. Porém, a maioria dos produtos já possui uma etiqueta com a tradução - algumas vezes suficiente, outras apenas uma pista sugestiva. São diversos lamens, temperos, óleos, bebidas (alô, Soju!) frutos do mar, vegetais e biscoitos. As geladeiras estão cheias de opções de carnes, peixes e frutos do mar, bem como com algumas verduras superverdes e vistosas. Logo na entrada você encontra várias opções de comidas prontas, como os kimbaps, conservas e japchae (macarrão à base de batata-doce com legumes grelhados que é servido frio) entre outros. Há também panelas, utensílios de cozinha e itens para ajudar na organização e limpeza da casa. Ele não é muito grande, mas vá com tempo.
R. Três Rios, 251, Bom Retiro | Tel.: (11) 3326-1419.
www.otuguism.com.br/
PARA LER E COZINHAR | MY KOREA
O chef HOONI KIM é o autor deste livro que apresenta pratos tradicionais da culinária coreana, mas com o que ele chamou de "receitas modernas". Ele ficou conhecido por conta de seu restaurante em Nova York, Danji, o primeiro restaurante coreano dos E.U.A. a ser premiado com uma estrela Michelin.
O livro, que foi originalmente escrito em inglês e não tem tradução para o português (aliás, não encontrei livros de culinária coreana em nossa língua), tem uma diagramação lindíssima. É generoso em fotos que, além de serem um deleite para os olhos, são bem educativas sobre ingredientes e preparos. O livro reúne 90 receitas que cobrem dos banchans à sobremesa. Você encontra a versão impressa e digital em plataformas que entregam livros importados.
PARA ASSISTIR | CANAL DA MAANGCHI
A coreana Emily Kim, mais conhecida por seus seguidores como Maangchi, se tornou um fenômeno com suas receitas coreanas caseiras. O canal no Youtube, que começou como uma maneira de deixar de lado o vício no jogo "City of heroes", hoje acumula 5,5 milhões de inscritos. É autora de dois livros bem sucedidos e mantém ainda contas no INSTAGRAM e TWITTER, além de um SITE onde armazena suas diversas receitas. Esbanjando simpatia, ela ensina as receitas em inglês (já faz muitos anos que se mudou para os EUA e, hoje, mora em Nova York). Tenho aprendido muito com ela e recomendo demais! Assista AQUI.
PARA CONHECER E COMER | KOMAH
O KOMAH é um dos meus restaurantes favoritos da cidade - acredito que seja o de muita gente também - e eu tenho a alegria de tê-los como clientes. Aberto em 2016 pelo chef Paulo Shin, apresentou a culinária coreana para muitos paulistanos em um ambiente informal, acolhedor e com preços muito amigáveis. Como é costume dos coreanos, os pratos são servidos no centro da mesa para serem compartilhados - até mesmo quando se pede o banquete, o menu degustação da casa. Durante a pandemia, está operando dentro das regras de segurança e apenas com reserva para evitar as longas filas e aglomerações que costumava causar na porta. Também é possível pedir pelo delivery - a comida viaja super bem! Não deixe de provar o KIMCHI BOKUMBAP, a estrela da casa, que consiste em arroz de kimchi feito com a técnica do socarrat, a qual cria uma deliciosa crosta no fundo do prato e um omelete hiper cremoso por cima.
R. Cônego Vicente Miguel Marino, 378 - Barra Funda
Tel.: (11) 3392-7072
Site: https://komahrestaurante.com.br/
Oi Flávia, conheço e até falei dele na news! É lindo, né? Uma grande alegria é ele ter sido publicado pela editora da minha irmã :))
Já leu Aos prantos no mercado, da Michelle Zauner? É muito legal ❤️
“Não é preciso conhecer nada de gastronomia para saber que a comida é uma das bases de nossa educação sentimental. Os ingredientes, os modos de preparo, a combinação de aromas, cores e sabores com as quais aprendemos a nos familiarizar compõem o repertório íntimo de cada um de nós. E é justamente esse poder de mobilizar o afeto que é evocado desde o primeiro parágrafo de Aos prantos no mercado. Nele, vemos a protagonista, que atravessa o luto pela morte precoce da mãe, liberando o pranto represado ao percorrer as prateleiras do mercado coreano H Mart em Nova York. Originalmente publicadas na revista The New Yorker com o mesmo título, essas páginas tiveram um enorme sucesso e acabaram se tornando o capítulo de abertura do primeiro livro da cantora de rock independente Michelle Zauner, um best-seller do New York Times que também entrou para a lista de melhores de 2021 do presidente Barack Obama. Enquanto a saudade da mãe coloca em perspectiva as antigas rebeliões da adolescência e atenua o rigor do julgamento das escolhas feitas pelos pais, a comida representa uma espécie de tábua de salvação na qual Zauner navega os descaminhos dos últimos e dolorosos momentos da mãe. Nessas memórias, a autora relembra a culinária afetiva a fim de não se perder de si ao atravessar o luto. Ela passa horas assistindo aos vídeos de uma youtuber, compenetrada em reproduzir a alquimia das receitas coreanas. Isso atenua a angústia íntima de que seus traços caucasianos vão apagar a origem coreana, antes legitimada pela existência da mãe. E entre os expedientes da vida adulta, a protagonista descobre que o luto, a festa e a criação artística podem conviver intimamente na difícil tarefa de encontrar um lugar no mundo. Estreia literária da cantora, Aos prantos no mercado nos inunda de sensibilidade ao reconstruir a dimensão afetiva dos pequenos atos cotidianos, e supre a distância entre o paladar brasileiro e o coreano ao aguçar a curiosidade de conhecer esses sabores. O livro também pondera consensos e dissensos reconstruídos à luz da experiência limite do luto, ressignificando os traumas da infância e convocando a uma nova responsabilidade sobre as escolhas da vida adulta.”